No RJ, escolas terão programa de proteção contra bala perdida

A realidade de violência que bate à porta de 150 escolas municipais levou a Secretaria Municipal de Educação do RJ a estudar um plano de emergência para treinar professores, funcionários de apoio e alunos a enfrentar situações de alta tensão, como tiroteios entre bandidos e policiais. O curso deve ensinar como deixar as salas de aula da maneira mais segura e se abrigar em locais em que o grupo possa aguardar o cessar-fogo. A medida evitaria episódios como o da semana passada, em que funcionários de um colégio da prefeitura, no Complexo da Penha, sem saber como agir, se aglomeraram numa escada enquanto balas de fuzil perfuravam paredes e caíam no chão dos corredores e pátio. “Essa é nossa realidade. Temos que fazer frente a isso e treinar nossos professores e crianças para aprenderem a atuar numa situação de emergência”, explicou a secretária municipal de Educação, Claudia Costin. A previsão, segundo ela, é que o treinamento seja aplicado no ano que vem. O grupo deve aprender também a enfrentar enchentes, incêndios e outros de desastres. Costin lembrou o episódio, em setembro, em que 1.300 alunos da Escola Municipal Rio das Pedras, em Jacarepaguá, foram retirados com segurança da unidade após ouvirem estalos na estrutura. “Foi uma saída exemplar. As crianças deixaram a escola enfileirados, sem pânico. Penso até em levar os professores que participaram dessa remoção a outros colégios para contar a experiência e trocar ideias”. POLÊMICA - Apesar de ainda não ter saído do papel, o plano de emergência já começa a causar polêmica. Alguns professores acreditam que a medida é paliativa e que o ideal seria que as operações policiais não fossem realizadas no meio do dia, quando os alunos já estão dentro das salas de aula. “Sabemos como esvaziar o prédio num momento de desespero. Mas a situação é muito mais complicada. Não é justo ficar refém de um tiroteio dentro da escola. Nenhum dinheiro paga isso. Tem que haver um serviço de inteligência para que essas operações aconteçam fora do horário escolar. Como vamos atingir metas e ganhar nosso 14º salário com uma realidade dessa?”, questionou a professora Regiane, 46 anos, que leciona no Complexo do Alemão. Professora há seis anos na Escola Municipal Noel Rosa, perto do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Edna Félix sabe o que e é trabalhar sob tensão constante. Ela não crê que um treinamento específico possa ajudar a aumentar a segurança nas escolas. “O ideal seria termos mais condições materiais. Pedimos, por exemplo, a blindagem da nossa escola. São muitas vidraças voltadas para a comunidade e já tivemos janela quebrada por tiro”, lembra a professora. O DIA ONLINE
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