Nos últimos anos, o regime iraniano tem tolerado o que considera um vício anti-ilsâmico e impuro: criar cachorros como animais de estimação. Para combater o "problema", operações esporádicas levam à apreensão de cães e a TV estatal costuma alertar sobre os riscos das doenças transmitidas por eles. A "vista grossa" das autoridades pode, no entanto, estar com os dias contados, segundo matéria da "Time": parlamentares de Teerã propuseram recentemente uma lei para criminalizar a posse de cachorros.
Pela proposta, a punição para quem descumprir a norma estará prevista no código penal islâmico. De acordo com a revista, o projeto afirma que, além de apresentar riscos para a saúde pública, a popularidade dos cachorros "também representa um problema cultural, uma imitação da cultura vulgar do Ocidente".
A legislação proposta determina pela primeira vez no país punições para "passeios e a criação" de "animais impuros e perigosos", uma definição que pode incluir outros animais de estimação como gatos, mas que parece mais destinada ao "melhor amigo do homem". A nova regra prevê que o animal seja confiscado e que o dono pague uma multa equivalente a entre US$ 100 e US$ 500. O destino dos caninos não fica claro na lei, segundo a reportagem.
- Considerando os milhares de cachorros que há apenas em Teerã, o problema é o que vai acontecer a esses animais - disse o veterinário Hooman Malekpour ao serviço persa da BBC, segundo a "Time".
A multiplicação dos cães nas cidades iranianas aconteceu nos últimos 15 anos, acompanhando o crescimento da classe média mais ligada à cultura ocidental e influenciada por TVs e filmes estrangeiros. De acordo com a revista, maior parte dos donos de cachorros está entre os insatisfeitos com o regime islâmico, o que explicaria a disposição do governo a combater os animais. FONTE: O GLOBO