Após dez anos de pesquisa e graças à seleção genética, cientistas australianos conseguiram criar um supercamarão, maior e mais saboroso que a espécie natural.
Especialistas em biologia molecular da CSIRO (Organização para a Pesquisa Industrial e Científica da Comunidade da Austrália) analisaram o DNA do crustáceo ao longo de oito gerações até identificar qualidades como a cor, o sabor e o tamanho.
Pouco a pouco, foram comparando aos melhores exemplares até chegar ao supercamarão.
O líder do projeto, Nigel Preston, explica em comunicado que quando iniciou o estudo em 2000, a piscicultora Gold Coast Marine Acquaculture, no oeste do país, produzia uma média de 5 toneladas da espécie de camarão por hectare.
Mas uma década depois e graças às modernas técnicas genéticas aplicadas à criação do crustáceo, a última colheita foi a maior de sua história, com 17,5 toneladas por hectare, até alcançar um total de 875 toneladas.
- O aumento na produtividade e rendimento é um grande passo.
Segundo os cientistas, o camarão gigante cresce 20% mais rápido que o comum e no futuro poderia duplicar a produção na Austrália, um dos maiores importadores do mundo, em momentos nos quais as pescas comerciais estão em sua pior fase em toda a história.
Na empresa piscicultora australiana que colabora com o projeto, o crustáceo se cria em piscinas de água salgada.
Seu principal alimento é um grão de farinha industrial elaborado a partir de restos de carvão.
Nick Moore, diretor da empresa, se orgulha da maneira sustentável para a criação do animal.
- Não só conseguimos um nível de produção recorde nacional e internacional sem perder qualidade nem sabor, mas também esses crustáceos são cultivados com um sistema de produção sustentável e especialmente desenhado para proteger o meio ambiente.
Moore acrescenta que "esse sistema de produção e as novas variedades geraram um camarão perfeito, com uma carne de textura excelente, cor intensa, de tamanho grande e muito sabor".
O alimento já foi introduzido nos pratos de famosos chefes de cozinha australianos como Luke Mangan, que ressalta que o supercamarão "é doce e muito saboroso. Isso é o que os especialistas da culinária buscam, além de ser sustentável".
Uma das vantagens do supercamarão é que ele está livre de transmitir qualquer doença, pois os biólogos moleculares podem localizar e eliminar qualquer vírus.
Além disso, também pode se reproduzir em qualquer momento do ano e, por isso, pela primeira vez, muitos australianos poderão serví-lo fresco na ceia de Natal em pleno verão australiano e não ter de continuar importando da China e do Vietnã.
Para os "pais" da espécie de camarão gigante, se toda a indústria local adotasse seu sistema, a produção aumentaria de 5 mil para cerca de 12,5 mil toneladas anuais e geraria US$ 100 milhões adicionais na economia. EFE