Na corrida pelo ouro, no início da década de 80, milhares de homens trabalharam dia e noite na cratera aberta à mão no sudeste do estado do Pará. Serra Pelada foi o maior garimpo a céu aberto do mundo. O acordo para retomada da extração no local foi fechado esta semana no Ministério de Minas e Energia, em Brasília. A concessão de lavra foi entregue ontem, sexta-feira (7), pelo ministro Márcio Zimmerman e pelo senador Edison Lobão (PMDB-MA) na presença de centenas de garimpeiros que vieram para o evento em Curionópolis.
Muitos queriam para ver o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cancelou a viagem na última terça-feira (6), por causa da demora para fechar o acordo que deveria ter sido finalizado na semana passada. Seria a primeira visita de Lula à região do garimpo. A expectativa é de que o presidente venha no início das obras de construção da nova mina, na segunda quinzena de julho.
A retomada do garimpo só foi possível depois que os 45 mil garimpeiros receberam em 2007 a concessão das terras do antigo garimpo e criaram a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), no município de Curionópolis, a 50 quilômetros (km) de Serra Pelada.
Há três anos, a cooperativa fez um acordo com a Colossus, uma mineradora Canadense, para estudar o terreno de 100 hectares. O levantamento apontou uma rica reserva de paládio, platina e pelo menos 33 toneladas de ouro. Tirar tudo isso lá do fundo, enterrado a quase 300 metros de profundidade, só com máquinas e tecnologia.
Para viabilizar a extração a Coomigasp, que tem a concessão do terreno, se associou à Colossus, que tem a tecnologia e o maquinário para tirar o minério. Juntas elas criaram a Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento.
Um dos pontos que atrasaram a liberação do acordo foi a divisão dos lucros. Inicialmente 51% do que fosse encontrado ficariam com a Colossus e 49%, com os garimpeiros. Depois de três alterações no contrato, ficou definido que 75% dos lucros ficarão com a mineradora e 25%, livres de desconto, serão divididos entre os 45 mil associados da Coomigasp.
Eles também vão receber um prêmio para cada quilo de minério extraído. A empresa também se compromete a corrigir danos ambientais passados e os que podem ser causados na nova etapa de mineração, além de levar água encanada para os que vivem no povoado à beira do garimpo e melhores condições de infraestrutura.
Apesar da diferença na porcentagem de participação dos lucros o acordo preserva o poder de decisão dos cooperados no futuro dos negócios. É o que garante o presidente da Coomigasp, Gessé Simão. Segundo ele, nada poderá ser feito sem o aval da cooperativa. Simão diz ainda que apesar da diferença na divisão dos lucros os cooperados não se sentem prejudicados, pois sozinhos não teriam condições de explorar o subsolo. AGÊNCIA BRASIL
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