Um projeto de lei aprovado pelo Senado na quarta-feira (19) prevê que desempregados não paguem taxas para realizar concursos federais. Só no ano passado, cerca de 6 milhões de candidatos fizeram processos seletivos em todo o país, segundo o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), autor da proposta. Boa parte deles está sem emprego.
- A ideia é atingir principalmente o jovem que termina a universidade e sai desempregado. Como os concursos tornaram-se uma ótima opção para obter emprego, o universitário acaba prestando sete ou oito, todos com taxas acima de R$ 100, valor normalmente cobrado por seleções que exigem diploma superior.
Um levantamento realizado pelo R7 dos concursos abertos em maio mostra que, se o candidato prestar as oito provas com maior taxa, vai desembolsar R$ 915.
Diretores de cursinhos preparatórios concordam com a lei. Cerca de 40% dos candidatos a concurso público no país não exercem atividade remunerada, afirma Marco Antonio Araújo, professor da rede de cursinhos LFG (Luiz Flávio Gomes).
- A chance de quem não está trabalhando, mas acabou os estudos, é maior do que a de quem está empregado. Uma parte está fora do mercado por opção, para poder estudar, e outros porque não conseguem trabalho. Esses são os que mais vão atrás de concurso.
Diretor da Central de Concursos, José Romero Babueta reforça a estimativa. Ele diz que em dois períodos do seu cursinho - de manhã e à tarde - 85% dos candidatos estão sem emprego.
- A lei vai desmistificar a ideia de que o concurso é uma forma de arrecadar dinheiro. É uma forma de fazer inclusão social, permitir que pessoas de mais baixa renda possam concorrer.
Melhores salários estão nos concursos federais
Os melhores salários são pagos nos concursos federais - eles incluem seleções para a Petrobras, a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, PF (Polícia Federal) e vários órgãos do sistema judiciário. Os salários variam entre R$ 5.000 e R$ 10 mil, dependendo do cargo em disputa.
Crivella ressalta que a medida vai beneficiar também o serviço público, já que o número de pessoas concorrendo tende a aumentar e com isso a qualidade das pessoas disputando também vai crescer.
- Quanto maior for a disputa, melhor para o setor estatal, porque mais candidatos bem preparados vão concorrer. Não é porque o jovem é de baixa renda que ele não tem condições de passar.
O projeto será enviado agora para apreciação na Câmara dos Deputados. Se aprovado, vai para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. R7