Enquanto um trem matinal fazia barulho nos trilhos, Chinu Sharma, que trabalha em um escritório, desfrutava a ausência de homens. Alguns deles apalpam mulheres nos trens, ou gritam insultos e desaforos, disse ela. Sua amiga Vandana Rohile concordou e arregalou os olhos, imitando alguns homens.
Em todas as partes do trem lotado, elas repetem a mesma história: à medida que milhões de mulheres chegaram ao mercado de trabalho na Índia na última década, elas se depararam com diferentes obstáculos em uma cultura tradicional e patriarcal, mas poucos incomodam tanto quanto a missão básica diária de se locomover até o trabalho.
Os problemas de provocação e assédio, conhecidos como "eve teasing", são tão persistentes que, nos últimos meses, o governo decidiu simplesmente eliminar de uma vez os homens dos trens. Em um programa piloto, oito novos trens exclusivos para passageiras foram introduzidos nas quatro maiores cidades indianas: Nova Délhi, Mumbai, Chennai e Calcutá.
Os trens são conhecidos como Ladies Specials. Em uma viagem recente de ida e volta, na qual um repórter do sexo masculino teve permissão para embarcar, as mulheres que se deslocavam entre a cidade industrial de Palwal e Nova Déli estavam muito satisfeitas.
"É tão bom aqui", disse uma professora, Kiran Khas, usuária dos trens há 17 anos. Khas contou que os trens comuns são cheios de vendedores de verduras, ladrões, pedintes e muitos homens. "Aqui neste trem", disse ela, como se descrevesse um milagre, "você pode embarcar em qualquer ponto e se sentar livremente." THE NEW YORK TIMES