Jovem supera limitações físicas e se transforma em exemplo de vida

Ela se formou em educação física, trabalha como assistente administrativa, adora artesanato e, sempre que pode, dá palestras sobre motivação em empresas. Carol Tanaka, 24 anos, não tem os dois braços, mas nunca deixou que a deficiência fosse um obstáculo para seus objetivos. Ao contar a história de sua vida em suas apresentações, Carol ensina sobre o valor da vida, e prova que não vale a pena perder o humor por causa dos pequenos problemas do dia a dia.
A jovem já nasceu sem os membros superiores e desde criança a habilidade com os pés é natural, surgiu por instinto. “Era engraçado porque, quando eu tinha uns 3 ou 4 anos, as crianças me viam fazendo tudo com os pés e tentavam imitar, mas não conseguiam. Eu sempre tive essa habilidade, e nem entendia minha deficiência como um problema”, diz. Hoje, Carol tem os pés como ferramenta para usar o computador, digitar, escrever e até para pentear os cabelos. “Precisa de muito alongamento e elasticidade, mas é possível.”
No clima da atual novela das oito, "Viver a Vida", a Rede Globo está promovendo uma campanha para lembrar que a vida vale a pena, apesar das dificuldades e dos obstáculos cotidianos. Venha Viver a Vida dá nome a uma série de reportagens que mostra histórias de superação, em que momentos de tristeza dão lugar à esperança. Venha Viver a Vida reúne casos exemplares, vividos por gente famosa e por anônimos.
Apesar de uma infância tranquila, Carol passou por uma adolescência conturbada. “Foi um pouco complicado, com olhares diferentes, preconceito e brincadeiras de mau gosto. Minha família foi fundamental nessa e em outras fases da minha vida, porque sempre me colocou para o mundo, falando a verdade sobre minha deficiência, mas incentivando todos os meus projetos. Sou muito bem resolvida quanto a isso”, afirma.
As dificuldades foram superadas com a quebra de mais uma barreira: o gosto pelo esporte. Em dois anos de competições regionais, Carol ganhou sete medalhas de ouro de natação. “Eu adoro nadar, mas nunca quis seguir carreira como atleta. Mesmo assim, essa etapa foi importante porque eu via pessoas que tinham deficiências mais complicadas e percebi que não ter dois braços não era tão ruim. Convivi com tetraplégicos que nadavam só com a força do pescoço e da cabeça, e pessoas que não tinham nem os braços e nem as pernas”, diz. Mais do que um incentivo à prática esportiva, o amor pela natação levou Carol a escolher a educação física como profissão.
No começo, conta, não foi fácil. “Foi a quebra de um paradigma. As pessoas acham que a educação física é para quem tem um corpo perfeito, e eu provei como é importante que o deficiente esteja incluído”, diz. Carol estagiou em academias durante a faculdade, mas não conseguiu emprego na área e hoje trabalha com administração. “Eu sempre fui muito otimista em tudo na minha vida. Então, como não estava conseguindo emprego, fiz alguns cursos na área de gestão empresarial e administração para abrir o leque. E adoro.”
Ela leva uma vida normal. Dirige, com os pés, um carro completamente adaptado. Aliás, essa foi, segundo Carol, a superação de que mais se orgulha. "Eu via meus amigos completando 18 anos e tirando carta, e não sabia se ia conseguir. Mas corri atrás das aulas e consegui a doação do carro adaptado e dirijo desde os 20 anos", diz.
Como grande parte das meninas de sua idade, Carol tem o sonho de se casar com o noivo, com quem está há nove anos, ter filhos e assumir sua própria casa. “Sei que não será fácil, mas cada etapa da minha vida é uma superação, e esse é o meu sonho agora.” G1
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