A Agência de Segurança Aérea na África e Madagascar (ASECNA) acaba de fazer dupla com o Escritório de Investigações e Análises da Aviação Civil francesa (BEA) em uma acusação contra o Brasil.
“Como indica as conclusões do BEA, o voo AF 447 nunca foi transferido ao centro de Dakar”, dizem os africanos. A agência sediada no Senegal desde 1959 — ela cuida do controle aéreo de 16 paises africanos e da França, em zona de 16 milhões de quilômetros quadrados — afirma que era de responsabilidade do “centro de controle do Atlântico”, leia-se controle aéreo brasileiro, “a missão de informar ao centro de Dakar sobre a chegada de um avião no limite do seu espaço aéreo para que este assumisse a vigilância.”
O Brasil respondeu de bate-pronto a insinuação do BEA em uma declaração do porta-voz da Aeronáutica, o tenente-coronel Henry Munhoz. Segundo ele, às 22h35 do dia 30 de maio, o controle aéreo brasileiro informou ao controle senegalês que o avião passaria por uma posição virtual chamada "ponto Tasil" e que entraria no espaço aéreo do Senegal às 23h20. Não só. Depois de matar a cobra, mostram o pau — vamos também descobrir a analogia senegalesa da expressão. A Aeronáutica divulgou o áudio da conversa entre os controladores.
Imagem do local das buscas
Mas o diabo mora nos detalhes — o provérbio popular é bem francês. O tenente-coronel foi em frente afirmando que um há acordo entre o Brasil e o Senegal prevendo que se Dakar não avisar que o avião entrou em seu espaço aéreo, fica entendido que o avião entrou. No jargão jornalístico inglês, no news is good news. Dito em português: se não há notícia é boa notícia, tudo bem, brancas nuvens.
Para o ASECNA a informação da Aeronáutica não tem fundamento. “Não existe nenhuma disposição desta natureza prevista no acordo entre os centros de controle aéreos do Atlântico e Dakar”, diz o comunicado da agência africana. O quiproquó tem relevância porque levou-se 8 horas depois do desaparecimento do Airbus do vôo Air France 447 para que o primeiro navio fosse despachado para zona do acidente.
Revelação - Brigadeiros reformados da Aeronáutica confidenciaram ao blog de Paris que os corpos resgatados das vítimas do voo AF 447 estavam nos assentos dianteiros do A330-200, acidentado na madrugada do dia 1 de junho. Os cadáveres dos outros passageiros estariam presos pelos cintos de seguranças na parte traseira do avião, ainda perdido nas profundezas do Oceano Atlântico. BLOG DE PARIS