Uma pílula vermífuga de baixo custo, usada na África há 25 anos contra a cegueira dos rios, provou recentemente ter um poder do qual cientistas suspeitaram por um longo tempo mas nunca fora evidenciado: os mosquitos transmissores da malária morrem quando mordem pessoas que ingeriram há pouco tempo a droga --a ivermectina ou Mectizan.
Alguns cientistas alertam para o fato de que, apesar do truque de "envenenar" mosquitos ser razoável, não é muito prático: para que funcione efetivamente, praticamente todas as pessoas em uma área infestada por mosquitos têm de tomar a pílula simultaneamente. E isso é um pesadelo logístico, disseram.
O efeito de matar mosquitos aparentemente enfraquece dentro de um mês, e seria necessário que a dose fosse repetida mensalmente. Além disso, em casos raros, a droga considerada segura pode ser letal.
PESQUISA
O estudo recente, publicado na semana passada pelo "American Journal of Tropical Medicine and Hygiene", foi conduzido por cientistas do Senegal e da Universidade do Estado do Colorado.
Eles capturaram mosquitos de paredes de choupanas de três vilarejos, onde habitantes haviam ingerido a invermectina, e de outros três vilarejos, onde os habitantes não haviam consumido a droga, e os testaram para ver em quantos mosquitos havia parasitas da malária.
Os vilarejos com ivermectina tinham quase 80% menos.
O medicamento estava encurtando a vida dos mosquitos, explicou o autor principal, Brian D. Foy, especialista em mosquitos do Estado do Colorado.
Atualmente, milhões de doses gratuitas são distribuídas para combater a oncocercose, ou cegueira dos rios, que é causada por pequenos vermes que migram para os olhos.
Os efeitos colaterais, quando as pessoas com muitos vermes são tratadas, incluem febre e coceira intensa à medida que os vermes morrem.
A ivermectina pode ser perigosa para alguns doentes --os infectados com um alto número de um verme do oeste da África relativamente raro, o loa loa.
Esses vermes circulam no sangue e nos pulmões e podem obstruir vasos capilares quando morrem, potencialmente causando um coma ou a morte. FONTE: NEW YORK TIMES