Se algum dia você estiver na Espanha em uma quarta-feira e vir na televisão um senhor quebra-pau no Congresso, não se assuste. O parlamento não está se dissolvendo e nem tampouco depondo o presidente. É só a sessão de controle do governo, que acontece toda a semana com a presença do chefe de governo e seus principais ministros, por lei obrigados a sentar ali e ouvir todas as broncas, reclamações, queixas e afins da sempre invocada oposição.
Logo que eu cheguei à Espanha topei com uma dessas seções no noticiário. Levei um susto. O premiê José Luis Rodríguez Zapatero e seu maior rival, o líder da oposição Mariano Rajoy, batiam uma senhora boca trocando dedos e acusações, diante do aplauso, vaias e gritos dos parlamentares. Saí correndo para a internet achando que era a notícia do ano. Nada disso. Desde então já foram tantos barracos que eu já nem presto tanta atenção.
Mas o desta semana foi diferente. Por três dias seguidos, Zapatero foi ao Congresso para o seu nono e último debate do estado da nação -- uma espécie de prestação de contas anual na qual o governo analisa as políticas vigentes em matérias como imigração, econômica, combate ao terrorismo, e anuncia outras. E também tem de ouvir e replicar todo mundo que quiser falar (e, claro, todo mundo quer).
Como sua legislatura termina em março de 2012 -- o que a oposição quer encurtar com o pleito de eleições antecipadas --, o premiê espanhol acabou transformando o debate em um balanço de sua gestão com ar de despedida. Mas travou um afiado bate-boca com Rajoy, com popularidade inflada depois da vitória folgada de seu Partido Popular nas eleições internas que aconteceram em maio aqui na Espanha.
Neste link, dá para ver uma boa compilação dos “melhores momentos” do debate entre Zapatero e Rajoy. E ter uma noção do que é o barraco semanal no congresso espanhol. FONTE: PELO MUNDO