O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, delegou ao vice-presidente executivo, Elias Jaua, várias funções e prerrogativas até agora suas, incluindo a de expropriar bens. A ação de Chávez foi tomada em meio a decisão de viajar a Cuba para se tratar de câncer. A viagem está prevista para este sábado (16).
O presidente venezuelano foi autorizado, nesta manhã pela Assembleia Nacional, a viajar a Havana. Na ilha de Fidel Castro deve se submeter a quimioterapia, contrariando as expectativas de que iria ao Brasil se tratar no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Ele não anunciou a data de retorno.
"Espero que não seja um período muito longo [de ausência]", disse.
Durante transmissão em cadeia de rádio e TV, o presidente afirmou que se reunirá com seus ministros por "via telemática" e inaugurou o uso de uma assinatura eletrônica que lhe permitirá referendar documentos estando "em Havana, em Moscou...".
Chávez, que voltou à Venezuela no dia 4 após quase um mês fora do país, disse que seria "o primeiro" a transferir o poder se estivesse com "capacidades diminuídas". Afirmou, porém, que a situação jamais ocorreu, nem mesmo no período imediatamente após a cirurgia que fez no dia 20 em Havana para retirada de um tumor. Ele contou que esteve quatro dias na UTI.
VICE E DEBATE
Chávez deixará em Caracas um fortalecido vice-presidente. Na Venezuela, o cargo é de livre nomeação pelo presidente.
Jaua, ex-líder estudantil e considerado um dos "duros ideológicos" do governo, está no posto desde janeiro de 2010.
Além da prerrogativa de expropriar bens, o vice-presidente também aprovará a compra de divisas --estratégico num país com controle cambial-- e poderá nomear vice-ministros.
A viagem do presidente voltou a acender na Assembleia o debate sobre o status jurídico de Chávez durante sua estadia em Havana.
Integrantes da oposição voltaram a defender que a viagem do mandatário configurava "ausência temporária" e a posse automática do vice-presidente no cargo.
Os governistas insistiram que o presidente seguirá governando, pelo tempo que seja necessário, em Cuba, respaldado pela autorização de ontem.
O acalorado debate da Assembleia, então transmitido pelos canais estatais, foi interrompido pelo presidente Chávez, que ordenou a convocação da cadeia nacional de todas as rádios e TVs para transmitir a sua reunião com ministros.
A Venezuela acompanhou, quando autorizado por Chávez, as falas dos deputados --da situação e da oposição. Com tela dividida ao meio, se via a Assembleia e também os rostos de ministros e do presidente reagindo às declarações dos parlamentares. FONTE: FOLHA ONLINE