O Brasil é um parceiro central na campanha pelo reconhecimento do Estado palestino, que será levada às Nações Unidas em setembro.
A afirmação é de Nabil Shaath, um dos principais dirigentes e negociadores palestinos. Segundo ele, o Brasil manteve a política do governo Lula de angariar apoio internacional ao reconhecimento da Palestina.
"O Brasil nos ajudou e continua ajudando", disse Shaath ontem em Ramallah, durante conversa com correspondentes estrangeiros. "O governo de Dilma Rousseff está seguindo os passos do nosso querido amigo Lula da Silva".
Nesta semana, a OLP (Organização para Libertação da Palestina) oficializou a decisão de pedir o reconhecimento do Estado palestino na ONU, em setembro.
A formulação exata do pedido ainda está sendo definida, mas basicamente os palestinos querem que a ONU reconheça seu Estado nas fronteiras pré-1967, para que a Palestina seja aceita como membro da organização.
O plano é fortemente criticado por Israel, que abriu uma contraofensiva diplomática para tentar frustrá-lo.
Para o governo israelense, trata-se de uma ação unilateral que viola um dos princípio dos acordos assinados com os palestinos --o de que a solução do conflito deve ser obtida em negociações.
Os Estados Unidos também já disseram que são contrários à iniciativa, mas Shaath manifestou esperança de que o país não use seu poder de veto contra o plano no Conselho de Segurança da ONU em setembro.
Após avaliar o pedido, o Conselho de Segurança decidirá em votação se recomenda a adesão da Palestina como membro da ONU. Caso isso aconteça, os palestinos precisariam da aprovação de pelo menos dois terços dos votos da Assembléia Geral (128 países).
Shaath calcula que esse número será alcançado com facilidade, pois até o momento 117 países já declararam apoio à declaração palestina. Na América Latina, somente Colômbia e México não atenderam ao pedido.
Apesar das duas exceções, o continente latino-americano é considerado um exemplo pela liderança palestina.
"Nosso maior sucesso é a América Latina. O Brasil desempenhou um papel importante ao nos ajudar a obter o reconhecimento dos países sul-americanos", disse Shaath. "O presidente Lula tem toda a minha gratidão por ter sido o fator proeminente para obter o suporte da América Latina. E continuamos a ter esse apoio."
Em dezembro do ano passado, menos de um mês antes de deixar o poder, Lula enviou uma carta à Autoridade Nacional Palestina declarando que o Brasil reconhece o Estado palestino nas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias(1967), que incluem Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental.
Vários países da América do Sul seguiram o exemplo do Brasil, o que Shaath atribuiu em grande parte ao esforço do ex-presidente.
Shaath contou à Folha que na semana da posse de Dilma, Lula organizou encontros de vários líderes latino-americanos com o presidente palestino, Mahmoud Abbas. "Graças a Lula, saímos da posse com o apoio de mais oito países", disse. FONTE: FOLHA ONLINE