O centro de controle de doenças da Alemanha registrou 365 novos casos de contaminação por Escherichia coli (E. coli) nesta quarta-feira, enquanto as autoridades lutam para desvendar a origem do surto de uma perigosa variante da bactéria.
E. coli é encontrada em grandes quantidades no sistema digestivo de humanos, vacas e outros mamíferos. Ela se propaga principalmente pela comida, pela água contaminada ou pelo contado com animais doentes e foi responsável por muitos casos de contaminação alimentar, mas na maioria dos casos causa dores estomacais não letais.
Os sintomas típicos da infecção pela bactéria são febre moderada e vômito. Em alguns casos, há diarreia com sangue nas fezes. A maioria dos pacientes se recupera em cerca de sete dias.
Um quarto dos novos casos na Alemanha envolve, contudo, pacientes com Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU), séria complicação causada por uma toxina produzida por uma variedade da E. coli. A toxina destrói as hemácias (células vermelhas do sangue) e provoca insuficiência renal. Nos casos mais severos, a síndrome provoca convulsões e problemas graves no sistema nervoso.
Segundo o Instituto Robert Koch, agência nacional de saúde alemã, 470 pessoas sofrem da síndrome até esta quarta-feira. Na véspera, eram 373 casos. A Alemanha tem, em média, 50 a 60 casos de SHU por ano. Destas, quase cem pessoas sofrem sintomas graves e potencialmente fatais da doença.
Além disso, 1.064 casos de contaminação por E.coli foram registrados desde o começo de maio na Alemanha. Na véspera, o saldo era de 796.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) disse que casos da doença foram registrados ainda na Áustria, Holanda, Dinamarca, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. Apenas dois casos, contudo, são de pessoas que não estiveram no norte da Alemanha recentemente.
Esta perigosa variante da E.coli foi responsável ainda pela morte de 15 pessoas na Alemanha e uma na Suécia.
A ministra de Agricultura Ilse Aigner disse que os cientistas estão trabalhando sem folga para encontrar a fonte da doença, que teria se espalhado pelo continente em vegetais crus.
"Centenas de testes foram feitos e as agências responsáveis determinaram que a maioria dos doentes comeram tomates, pepinos e alface e são do norte da Alemanha", disse Aigner. "Os Estados que conduziram testes precisam agora seguir o caminho [dos vegetais] para descobrir como os pepinos, tomates e alface chegaram aqui".
CRISE DIPLOMÁTICA - A chamada crise do pepino resultou em uma crise diplomática para a Alemanha, acusada pela Espanha de se precipitar ao dizer que os pepinos espanhóis seriam a fonte primária da bactéria.
Nesta quarta-feira, a ministra Aigner rejeitou as críticas de Madri de que o governo acusou falsamente os pepinos espanhóis de serem os responsáveis pelo surto, depois que alguns legumes testados deram positivo para E.coli.
"Havia E. coli nos pepinos espanhóis", disse Aigner. "Portanto, pelas regulações europeias, um alerta rápido precisava ser emitido".
Na véspera, Cornelia Prüfer-Storks, responsável pela secretaria de Saúde de Hamburgo, disse que um laboratório comprovou que o tipo de bactéria encontrado em dois pepinos espanhóis comercializados em Hamburgo não coincide com o tipo encontrado nos pacientes --uma variedade especialmente agressiva e resistente a antibióticos. Resta ainda avaliar os resultados em um pepino espanhol e um de origem desconhecida, também recolhidos no comércio de Hamburgo.
Prüfer-Storks foi a primeira a acusar o legume espanhol de ter causado o pior surto da bactéria já visto na Alemanha.
A Espanha alertou ontem que vai querer indenizações pelo alerta "precipitado e sem fundamento" diante de danos ao setor hortifrutigranjeiro espanhol que chegam a 200 milhões de euros, segundo cálculos dos produtores espanhóis. FONTE: AGENCIAS DE NOTICIAS