Segundo especialistas, os 216 passageiros do Airbus A330 da Air France possivelmente não sabiam que a aeronave estava prestes a cair no oceano Atlântico. A tragédia ocorreu durante o trajeto Rio-Paris, em 2009, e causou a morte de todos os ocupantes.
A reportagem conversou com pilotos, um especialista em medicina aeroespacial, um engenheiro que atua com certificação de aeronaves e com Jean-Paul Troadec, diretor do BEA, o órgão francês responsável pela apuração do acidente.
Eles relacionam fatores que indicam que os passageiros podem ter sofrido um fenômeno chamado de "desorientação espacial". Quando isso ocorre, a pessoa não sabe para qual direção está indo. Assim, os passageiros podiam ter a sensação de que o Airbus estava subindo, quando na verdade caía.
A informação é de reportagem de André Monteiro, Evandro Spinelli e Ricardo Gallo, publicada na Folha deste sábado (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
DADOS - Quase dois anos após a queda do avião que fazia o voo 447, entre o dia 31 de maio e 1º de junho de 2009, o BEA divulgou os primeiros dados registrados nas caixas-pretas.
O relatório aponta que o avião caiu por 3 minutos e 22 segundos antes de tocar a superfície do oceano a uma velocidade de cerca de 200 km/h.
O BEA indicou também que os pilotos viram duas velocidades diferentes nos controles durante menos de um minuto, e que uma delas indicava uma queda acentuada de potência do motor.
Segundo o BEA, o relatório descreve 'de maneira factual a sequência dos acontecimentos que levaram ao acidente'. As primeiras análises definitivas serão apresentadas somente no fim de julho. 'Só depois de um trabalho longo e minucioso de investigação é que as causas do acidente serão determinadas e as recomendações de segurança serão emitidas, o que é a principal missão do BEA', informou o órgão.
REPORTAGENS - O anúncio do BEA ocorre após pressão feita pela imprensa internacional na última semana, quando foram publicadas reportagens com especulações sobre as causas do acidente.
Após o resgate das caixas-pretas e a confirmação de que os dados do voo poderiam ser lidos, os investigadores franceses haviam informado que a análise do material duraria meses.
O jornal francês "Le Figaro" informou que a análise preliminar das caixas-pretas do Airbus apontava para um erro dos pilotos como motivo do acidente. O BEA desmentiu as informações, mas resolveu antecipar a divulgação dos primeiros dados recuperados.
No domingo (22), a revista alemã "Der Spiegel" noticiou que o avião sofreu uma parada súbita provocada por gelo acumulado nas sondas de velocidade Pitot e que o comandante do voo, Marc Dubois, não estava na cabine na hora do acidente. O sindicato de pilotos da Air France rechaçou as reportagens. FONTE: FOLHA.COM