As forças do presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, iniciaram nesta quarta-feira (6) a invasão da residência do líder "de fato", Laurent Gbagbo, que se recusa a deixar o poder após perder nas eleições de novembro passado, indicou o porta-voz de Ouattara, Affoussy Bamba, ao canal de televisão France 24.
As tropas republicanas "estão no interior da residência presidencial para capturar Laurent Gbagbo", afirmou Bamba. Ele indicou que Gbagbo ainda não foi encontrado, mas que suas tropas "não vão demorar" a fazê-lo.
Na cidade de Abidjã, moradores do bairro Cocody, onde se encontra o palácio, confirmaram à Agência EFE terem ouvido disparos de artilharia pesada.
Os disparos, que começaram por volta das 3h (horário de Brasília), foram ouvidos na área contígua à residência de Gbagbo, segundo as fontes, que não puderam identificar os autores.
Bamba disse que a invasão foi decidida depois que se constatou que as negociações com o presidente para conseguir sua rendição fracassaram.
- Quando teve um pouco de oxigênio, [Gbagbo] voltou a agir de forma habitual, tentando ganhar tempo. Todas as discussões possíveis foram feitas. Ontem ele falava de cessar-fogo; tentamos negociar, mas não houve resultados. Não temos escolha, ele nos obriga a tentar capturá-lo.
O porta-voz destacou que os soldados de Ouattara encontraram na residência presidencial diversos armamentos pesados, que devem ser destruídos, de acordo com a resolução 1.975 da ONU. Segundo ele, Gbagbo será levado a julgamento para responder por diversos crimes.
- Não é o presidente da Costa do Marfim, não tinha de se manter no poder como fez. Pode ser acusado de golpe de Estado.
Sem rendição
Mais cedo, Toussaint Alain, conselheiro de Gbagbo, negou que ele esteja refugiado em um bunker e esteja disposto a se exilar. Segundo Alain, Gbagbo está protegido na residência oficial.
- Gbagbo tinha como lema de campanha o mote "o filho do país". E quando sobe a maré, o "filho do país" não se joga ao mar, e sim fica na terra. Aconteça o que acontecer, Gbagbo ficará na Costa do Marfim como presidente.
Alain denunciou que, desde a segunda-feira (4), quando iniciaram os bombardeios franceses no país, houve "pouco mais de mil vítimas apenas em Abidjã", indicando ainda que o número pode chegar a 2.000.
- Sem dúvida é preciso pôr fim a esta situação humana dramática.
O conselheiro de Gbagbo negou que o presidente em fim de mandato esteja negociando para abandonar o poder.
O presidente da Costa do Marfim afirmou à TV francesa LCI que aceita uma recontagem de votos, mas que não vai renunciar. FONTE: AGÊNCIAS INTERNACIONAIS