O comando da Polícia Federal determinou a superintendentes e diretores regionais o bloqueio de verbas para operações em todo o país por prazo indeterminado.
Em circular, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, reclama de cortes de R$ 122 milhões de janeiro a maio e alerta que a tendência é que a situação se agrave.
Já foram reduzidos gastos com o dia a dia das unidades e as diárias pagas a delegados e agentes estão sofrendo corte de 40%. Segundo um delegado que chefia operações no Estado de São Paulo, falta dinheiro até para a gasolina dos veículos.
O ofício de Corrêa, de 6 de junho, foi encaminhado uma semana após o decreto do presidente que reduziu em 3,5% o limite de pagamentos da PF, que já estavam comprimidos desde março.
No documento Corrêa diz que a PF deveria ter recebido R$ 64 milhões por mês até maio, mas o valor ficou em R$ 39,6 milhões: "Esse deficit tende a se agravar (...) de modo que não há perspectiva de melhora nas liberações".
O próprio diretor-geral diz no ofício que a redução das despesas também deve atingir gastos com eventos, como simpósios e encontros, que dependam dos cofres da PF.
No início do ano, projetos de investimentos e modernização haviam sido adiados. A medida foi tomada depois que Lula baixou o decreto que impôs à PF redução de 14% na administração das unidades e de 36% para o Funapol, fundo de custeio de despesas com transporte, hospedagem e alimentação de policiais em missão.
Os dados da execução do Orçamento apontam que o Ministério da Justiça só pagou até agora R$ 222,6 milhões dos R$ 410 milhões que havia reservado para bancar despesas da administração.
O diretor de Programa da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça, Adélio Martins, confirmou o problema, mas disse que obteve liberação emergencial de R$ 58 milhões e que as verbas da PF serão descongeladas a partir de 20 de setembro: "Sabemos das dificuldades. E, se houver emergência, vamos pegar dinheiro emprestado de outros órgãos do ministério e repassar à polícia".
ATUAÇÃO POLÊMICA - A PF foi protagonista de casos rumorosos nas últimas campanhas presidenciais.
Em março de 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a PF apreendeu R$ 1,34 milhão em um escritório da empresa Lunus, da então candidata a presidente Roseana Sarney (PFL), que despontava como favorita para vencer as eleições presidenciais.
Roseana desistiu de concorrer ao Planalto, e o tucano José Serra logo assumiu o segundo lugar nas pesquisas.
Em 2006, a Polícia Federal desarticulou uma tentativa de compra por parte de petistas (os "aloprados") de um dossiê contra José Serra (PSDB), que disputava o governo paulista. Um delegado da PF tirou e divulgou fotos do dinheiro apreendido.
O desgaste provocado pelo escândalo impediu que o presidente Lula vencesse a eleição no primeiro turno. FOLHA.COM