Em 2008, uma paciente foi admitida em um hospital do Estado de Minnesota apresentando um quadro grave de diarreia. O médico que a atendeu, Alexander Khoruts, tratou a infecção com um coquetel de antibióticos, após ter identificado que o agente causador da doença era a bactéria Clostridium difficile. Mas nada funcionou. A paciente perdeu 27 quilos em oito meses.
A única solução aparente seria um transplante de intestino, algo complicado, já que não havia doadores disponíveis no curto prazo e a paciente poderia morrer rapidamente. Khorus então decidiu fazer algo aparentemente inusitado para leigos: obteve uma amostra de fezes do marido da paciente, misturou com uma solução salina e aplicou a mistura no intestino dela. A infecção por Clostridium difficile desapareceu em um dia e não voltou mais.
O resultado foi descrito mês passado por Khoruts, que trabalha na Universidade de Minnesota, no periódico "Journal of Clinical Gastroenterology". O procedimento que ele aplicou, conhecido como "terapia bacteriana" ou "transplante fecal", já foi realizado algumas vezes nas últimas décadas. Khoruts já realizou 15 transplantes, 13 dos quais curaram os pacientes.
Antes do transplante, uma amostra das bactérias presentes na paciente foi analisada. "As bactérias normais simplesmente não estavam lá", disse Khorus ao "New York Times". "O intestino foi colonizado por todo tipo de desajustados." Duas semanas após o transplante, a flora intestinal foi novamente analizada. Desta vez, os micróbios do marido haviam tomado conta.
MICROBIOMAS - Cientistas estão tentando desvendar o papel desses "microbiomas" de micro-organismos vivendo dentro do corpo humano. Os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA está atualmente financiando um projeto de US$ 150 milhões que visa mapear geneticamente o genoma desses micro-organismos, obtidos em 18 partes diferentes do corpo humano de 300 voluntários.
Uma das tarefas dos micróbios é quebrar moléculas complexas de plantas. Micróbios no nariz produzem antibióticos que podem matar patógenos inalados. Para coexistir com o microbioma, o sistema imune precisa tolerar esses organismos; aparentemente, os próprios micróbios guiam o sistema imune para não atacá-los. FOLHA.COM
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