Sob pressão do governo e dos órgãos de defesa do consumidor, as operadoras de cartão de crédito e débito já aceitaram reduzir o número de tarifas cobradas pelos seus serviços. Hoje, segundo o Ministério da Justiça, existem mais de 50 taxas no mercado - com nomenclaturas que muitas vezes não deixam claro o objetivo, como cash money, ou configuram cobrança dupla. Trata-se de uma enormidade de tarifas se comparadas às atuais 31 aplicadas pelo setor bancário, cuja carteira de serviços é bem mais ampla, revela reportagem deste domingo (13) de O Globo.
Agora, adiantou o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Paulo Rogério Caffarelli, o setor poderá reduzir para entre 20 e 30 o número de tarifas, além de buscar a padronização de cada uma. Ou seja, as empresas de cartões terão de usar os mesmos nomes nas taxas, facilitando a vida do consumidor na hora de fazer comparações de preços.
- Vamos pegar uma carona na resolução 3.518 - resumiu o executivo, referindo-se às regras criadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para padronizar as tarifas bancárias, implementadas pelo Banco Central (BC).
As negociações entre as operadoras de cartões já começaram com o BC, que está encabeçando essa tarefa por meio do seu diretor de Normas, Alexandre Tombini. Procurada, a autoridade monetária, no entanto, não quis comentar o assunto. A expectativa de Caffarelli, da Abecs, é que as mudanças sejam tiradas do papel em até três meses:
- Mas isso tudo dependerá do palavra final do BC.
A existência de um número recorde de tarifas cobradas hoje pelos cartões é um dos principais nós que o governo quer desatar e, para isso, prepara regulação ampla do setor, que movimenta quase R$ 550 bilhões por ano. O BC e os ministérios da Justiça e da Fazenda são os responsáveis por essa ação.
O diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça, Ricardo Morishita, destaca que o setor é um dos que mais receberam reclamações. No ano passado, concentrou 36,48% de todas as queixas feitas pelos consumidores aos órgãos oficiais, disparado no topo do ranking. O GLOBO