

Leia os principais trechos da entrevista: R7 – Como foi essa transição entre a aviação comercial e a de competição? Que tipo de semelhança você aponta entre as duas? Adilson: Na verdade não tive uma transição, pois a aviação acrobática sempre fez parte da minha vida. Como piloto de linha aérea, parte das minhas folgas eram dedicadas ao treinamento e shows aéreos. Tenho uma rotina na atividade acrobática que acabo usando na aviação comercial, que é a sequência lógica. Colocando essa lógica na minha rotina de trabalho, tudo fica mais seguro. R7 – Qual é a preparação que você faz para disputar o Mundial de Corrida Aérea? Ela é muito diferente de outras competições de acrobacia, por exemplo? Adilson: Concentração é fundamental, o preparo mental faz toda a diferença e o preparo físico é necessário: boa condição aeróbica e muscular é indispensável. Durante a competição, nosso corpo é submetido à força G, que pode chegar a 10, 12 vezes o peso de nosso corpo. No entanto, a tolerância à força G só é ampliada com o voo. Somente voando é que o corpo se adapta a mudanças bruscas de força G. Hoje temos um detalhe na regra que determina um peso mínimo de 83 quilos para o piloto. Caso tenha menos que 83, deve levar peso para compensar. Estando acima dos 83 kg, esse peso a mais poderá atrapalhar a performance da aeronave. Comparando com as outras competições que participei, na corrida aérea tudo acontece muito mais rápido e a concentração deve ser ainda maior, pois o avião fica muito próximo do solo e são muitas variáveis envolvidas no voo. R7 – Dá para ter pleno controle da aeronave voando tão perto do solo e na velocidade que voam? Adilson: Para ser aceito entre os pilotos do Red Bull Air Race, durante o processo seletivo, os fatores determinantes são sua qualidade como piloto seguro dentro de uma situação de voo como a da corrida aérea. Isso exige muita disciplina e domínio da aeronave em condições extremas para deixar mínimo o risco e aumentar o fator segurança. Todos que estão aqui têm consciência dos riscos e são comprometidos em dar o máximo de segurança ao voo. Acho que cada esporte tem seu risco especifico, mas cada esporte tem também o atleta especifico que deve se comprometer que o primordial é a segurança ao esporte que pratica. R7 - Sua presença pode ajudar a difundir o esporte no Brasil? Como é a recepção em outros países? Qual o país onde é mais popular? Adilson: Acho que a presença de um brasileiro fará toda a diferença. Em todos os lugares por onde a corrida passa, o esporte é mais popular se tem um piloto daquele país participando. Um país como o Brasil, que ama a velocidade e que conquistou uma tradição na F1, tem obrigação de ser representado em uma competição mundial como o Red Bull Air Race. Quando a corrida esteve no Brasil, foi um sucesso, mas no fundo todos estavam sentindo falta de ter um representante nacional por quem torcer. No final, muitos ficaram com a sensação de que não seria possível ter um brasileiro entre os melhores do mundo, mas alguns acreditavam que isto poderia acontecer. Eu acreditei e trabalhei muito para conquistar nosso lugar. Agora começamos uma nova realidade para os brasileiros e para o esporte no Brasil. R7