Quadrinista brasileiro vence o Harvey Awards como melhor desenhista

Gerard Way e Gabriel Bá
Gabriel Bá, quadrinista brasileiro, irmão gêmeo de Fábio Moon e desenhista de “Umbrella Academy”, HQ com o roteiro de Gerard Way (vocalista da banda emo My Chemical Romance), está perto de se tornar um colecionador de troféus. Nesta segunda-feira (12) ele recebeu o Harvey Awards, um dos prêmios mais importantes dos quadrinhos nos EUA – atrás apenas do Eisner, vencido por Gabriel em 2008. Ele também acumula o Scream Awards na categoria desenho, além de alguns troféus HQ Mix, principal premiação brasileira. “Na verdade isso é fruto de muito trabalho. Projetos que chamam a atenção, com qualidade, que acabam refletindo em prêmios”, explica Bá. Concorrendo com nomes fortes como Frank Quitely (“Grandes astros Superman”), Bá diz que a disputa não é tão assustadora. “Você pensa nos outros indicados mais quando você perde – quando perdi o Harvey em 2008 só pensei, ‘bom, mas quem ganhou foi o Quitely, aí é difícil’. Mas quando é você mesmo que ganha, você pensa mais é na satisfação do seu trabalho”, reflete. A primeira série de “Umbrella Academy” foi lançada em 2007 nos EUA e acaba de sair em um único volume, “Suíte do Apocalipse”, no Brasil. Ela conta a história de um grupo de super-heróis que se reúne após a morte do seu pai adotivo, Sir Reginald Hargreeves. Sem conforto - Bá diz que trabalhar com Way como roteirista ajudou no amadurecimento do seu trabalho como artista. “Como artista você tem que melhorar quando está trabalhando com um roteiro que não é seu, porque tem que desenhar cenas que você não pensou. Quando você desenha sua própria história tende a ficar no conforto de escrever apenas sobre o que sabe e gosta de desenhar”, conta. Apesar de Way ser novato como roteirista, a pouca experiência não atrapalhou a história. “Ele tem bons roteiros, as histórias são muito boas. A única coisa que incomoda é que as vezes o Gerard não tem tempo para trabalhar com calma na HQ – às vezes está em turnê, outra gravando. No começo me batia a sensação de ‘acho que entrei em uma fria’, mas agora me acostumei, e esse problema de tempo é a nossa única dificuldade”. “Umbrella Academy” não é o único trabalho em quadrinhos de Bá, que começou a carreira ao lado do irmão gêmeo Fábio Moon com o zine “10 pãezinhos” na década de 90. Em 2008, os dois ganharam o Eisner de melhor antologia por “5”, desenhado também pelo brasileiro Rafael Grampá, o grego Vasilis Lolos e a norte-americana Becky Cloonan. Em 2009, foram indicados ao Harvey por “Pixu”, outro trabalho com Lolos e Cloonan. “A gente vai trabalhar com eles sempre que possível. Gostamos do jeito que cada um de nós encara esse trabalho, e para mim e para o Fábio é algo muito raro de encontrar em outros autores. Queremos fazer com eles quadrinhos onde nos preocupemos só com as histórias, sem pressão de vender, de ter uma novidade. Só queremos algo legal, diferente do último e melhor”, resume Bá. G1
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