Mais de 20 milhões de brasileiros trabalharam a vida inteira para conseguir o que alguns políticos alcançam em dois anos de mandato: a tão sonhada aposentadoria. Em pouco mais de um século de República, o Brasil já conseguiu engordar a conta bancária de ex-autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário. Apesar de apresentar menor número que os assalariados da iniciativa privada, essa casta de aposentados consegue ser bem mais onerosa para a nação graças aos benefícios que o Estado garante, estendendo também as bondades aos parentes dessas autoridades.
Somente 994 aposentados de luxo, considerando os ex-presidentes, ex-deputados, ex-senadores, ex-governadores e ex-ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e STM (Superior Tribunal Militar), custam aproximadamente R$ 150 milhões por ano, segundo informações levantadas nas assessorias do Congresso, Casa Civil e STF.
Isso sem contar o direito ilimitado que as ex-autoridades têm em relação a plano de saúde e outros benefícios que variam de acordo com o cargo. Com o que os governos gastam para pagar os aposentados de luxo, seria possível oferecer mais de 25 mil aposentadorias por ano para quem recebe um salário mínimo.
Esse dinheiro pago a quem exerceu cargo público sai dos orçamentos de cada casa, ou seja, os presidentes são pagos pela Casa Civil, os senadores e deputados pelo Congresso e os ministros do Supremo pelo Judiciário. Na Câmara e no Senado, a tristeza dos parlamentares mais antigos foi o fim do IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas). O instituto era uma espécie de Previdência diferenciada que pagava aposentadorias integrais a deputados e senadores com apenas oito anos de trabalho.
A Bahia quer ampliar esse benefício a ex-autoridades e tenta aprovar na Assembleia Legislativa um projeto que dá pensão vitalícia de R$ 12 mil para mulher e filhos de ex-autoridades que ficarem no comando de algum cargo no governo do Estado por pelo menos dois anos.
Em 11 dos 26 Estados do país, ex-governadores recebem pensão vitalícia. Existem casos em que até mesmo o substituto recebe pensão.
José Reinaldo Tavares (PSB) era vice de Roseana Sarney no governo do Maranhão, ficou nove meses no cargo como governador e ganhou para sempre um "auxílio-pijama" de R$ 22 mil e carro oficial à disposição. José Reinaldo foi procurado pelo R7, mas não retornou as ligações até a publicação desta reportagem. R7