Pesquisa mostra que brasileiro gasta pouco com leitura

A interpretação mais detalhada de dados colhidos pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou às entidades ligadas ao mercado editorial brasileiro que 40,7% das famílias brasileiras adquirem algum tipo de material de leitura (revistas, jornais, livros didáticos, fotocópias, livros técnicos e livros não didáticos). O percentual, à primeira vista, pode parecer alto, porém, é preciso levar em conta que as despesas com leitura comprometem apenas 0,5% da renda das famílias, ficando atrás de gastos com TV, vídeo, som e microcomputador, que levam 2% da renda familiar. As revistas são as preferidas na leitura das famílias, com gastos de R$ 42 por ano. Com jornais, o valor é de R$ 17, enquanto as despesas com livros não-didáticos aparecem quatro vezes menor, apenas R$ 11 por ano. Outro dado apontado pela pesquisa é que o gasto como as fotocópias quase se iguala ao das obras não-didáticas. Da totalidade das despesas das famílias com material de leitura, 10,1% são com compras de livros não-didáticos e 9,7% são de fotocópias. Os dados também apontam que a maioria das fotocópias são feitas dentro das próprias instituições de ensino. Segundo o diretor-executivo da CBL, Eduardo Mendes, a pesquisa é a primeira de uma série histórica que as entidades pretendem elaborar para entender melhor o comportamento dos brasileiros no que diz respeito ao consumo de leitura. A expectativa da CBL é de que os próximos números sejam divulgados já no próximo ano. Mendes diz que ainda é cedo para tirar conclusões sobre o hábito de leitura dos brasileiros. Para ele, é preciso esperar as próximas pesquisas para que se possa fazer uma análise mais detalhada dos dados. “Esse mapeamento é importante porque vai apontar para onde o mercado vai. Tanto as empresas produtoras e distribuidoras de conteúdo quanto o governo precisam estar atentos a esses números”, afirma Mendes. A pesquisa "O Livro no Orçamento Familiar" foi encomenda pelas seguintes entidades: Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL); Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR); Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro (AEL); Associação Nacional de Livrarias (ANL); Câmara Brasileira do Livro (CBL); Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL); Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL); e Instituto Pró-Livro (IPL). O levantamento foi divulgado na XIV Bienal do Livro, que ocorre até o dia 20, no Rio. Os dados da pesquisa foram retirados de entrevistas feitas pelo IBGE com quase 50 mil famílias brasileiras de todas as unidades da Federação com o objetivo de retratar as diferenças de renda e escolaridade, assim como setores urbanos e rurais. Atualmente, o IBGE realizada a quinta POF. Segundo Eduardo Mendes, da Câmara Brasileiro do Livro (CBL), o consumo de livros didáticos representa 0, 1% dentro dos hábitos de leitura dos brasileiros, sendo que 0,07% é distribuído pelo governo. “O governo tem tido um papel fundamental na distribuição de livros aos estudantes. É um dos maiores mercados do mundo”, afirma Mendes. De acordo com dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em 2009, o governo federal vai investir R$ 577,6 milhões na compra de livros didáticos para a educação básica e R$ 112,8 milhões na distribuição dessas obras para todo o país. ÉPOCA
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