A hora certa da plástica

O cirurgião plástico Robert Rey, nascido em São Paulo há 47 anos, é dono de uma clínica em Los Angeles e faz sucesso na TV americana com um programa do tipo reality show sobre medicina estética, o Dr. 90210. Nesta entrevista à subeditora Gabriela Carelli, ele diz por que os procedimentos feitos na juventude adiam a necessidade de cirurgia plástica na maturidade. A cirurgia plástica ainda é o melhor recurso para quem quer ter uma aparência jovem depois dos 50 anos? Ao contrário do que acontecia há vinte anos, hoje a plástica não é a única solução para conseguir uma aparência mais jovial. É uma opção. Há inúmeros tratamentos dermatológicos que promovem melhora significativa da aparência e previnem o envelhecimento, postergando a necessidade de uma intervenção cirúrgica. Um exemplo é o laser usado para enrijecer a pele do pescoço, que se torna flácida com a idade. Se utilizado numa pessoa mais velha, já com alto grau de flacidez, o resultado não será tão bom quanto o da cirurgia. Mas, se o procedimento começa a ser feito aos 20, 30 anos, é bem possível que essa mesma pessoa nunca precise se submeter a tratamento cirúrgico. O mesmo acontece com quem usa Botox e faz preenchimento com ácido hialurônico desde cedo. Algumas dessas substâncias paralisam os músculos e evitam a formação de rugas profundas. No entanto, se o objetivo é prolongar as feições da juventude, a primeira coisa a fazer é adotar um estilo de vida saudável, evitar o cigarro, o café, exercitar-se e alimentar-se bem. Fazer plástica demais pode ter um efeito contrário, ou seja, deixar a pessoa com uma aparência envelhecida, em vez de mais jovem? Sem dúvida. A tendência atual da plástica é a naturalidade. Ninguém mais quer ficar com o rosto totalmente repuxado. O ideal é parecer mais jovem, mas não negar totalmente a idade. A atriz Sonia Braga é um exemplo de quem usou a plástica a seu favor. Ela está perfeita, linda, bem natural. Quem exagera na plástica corre o risco de parecer uma pessoa muito velha querendo ficar muito jovem. É possível saber quando a plástica é necessária e quando há um exagero? Um médico tem de saber identificar se a cirurgia é necessária ou não, inclusive rejeitar o paciente. Eu fiz isso inúmeras vezes, para o bem do paciente. A busca pela juventude está fazendo muita gente enlouquecer. Um de cada seis pacientes que procuram um cirurgião plástico nos Estados Unidos sofre de dismorfia, ou seja, tem uma percepção alterada de sua aparência real. Quem tem dismorfia precisa de ajuda de um psiquiatra, não de um cirurgião. Na sua opinião, as pessoas estão fazendo plásticas demais sem necessidade? Sim. Há uma espécie de loucura coletiva em torno da plástica. As mulheres querem fazer tudo e pagam o que for preciso, mesmo sem precisar de um retoque sequer. O que começou a salvar o mundo desse frenesi em torno da aparência foi a crise global. As pessoas foram obrigadas a pensar sobre o destino do seu dinheiro e também a refletir sobre o que estavam fazendo com o seu corpo. Bom para o bolso e para a saúde. Quais avanços nas técnicas de cirurgia permitiram rejuvenescer rostos envelhecidos sem torná-los artificiais? Inúmeros. Não é possível sequer comparar a plástica de hoje com a de quinze anos atrás. É como se fossem duas práticas médicas distintas. É só lembrar as lipoaspirações que deixavam ondulações e, muitas vezes, deformavam o paciente em vez de torná-lo mais bonito. Quem fazia a cirurgia clássica de rosto, puxando para cima tudo o que havia caído com a idade, ficava com uma cicatriz enorme no couro cabeludo. A aparência era estranhíssima e denunciava quem tinha feito o procedimento. Hoje, é possível esticar o rosto de forma suave, deixando algumas ruguinhas para ficar com aspecto natural, sem cicatriz. Qual o padrão de beleza que faz mais sucesso hoje? Ninguém quer mais ser Pamela Anderson e colocar próteses de 500 mililitros de silicone em cada seio. Da mesma forma, ninguém quer envelhecer e parecer um boneco de cera. Quem procura plástica hoje quer ser bonito e normal. As mulheres preferem ficar parecidas com a Gisele Bündchen ou com a Jennifer Aniston. VEJA
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