Após 20 anos, Iraque quer aviões de volta

O governo do Iraque iniciou negociações com a Sérvia para tentar reaver 19 aviões MiG mandados para manutenção na ex-Iugoslávia nos fim dos anos 1980 e que nunca foram devolvidos. Os caças foram enviados ao país europeu durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988) e não puderam ser recebidos de volta por conta do embargo imposto a Bagdá após a invasão ao Kuwait, em 1990, que deu início à Guerra do Golfo. O detalhe curioso da história é que o ministro da Defesa da Sérvia precisou ir ao Iraque avisar o novo governo que os caças existiam. Segundo notícia publicada pelo jornal americano The Washington Post, um funcionário do governo sérvio confirmou à agência Reuters que o ministro da Defesa do país, Dragan Sutanovac, revelou a existência dos caças no início deste mês, em visita a Bagdá. De acordo com esse funcionário, 18 aviões estão desmontados e guardados em caixas. O único que está inteiro está exposto em um museu. A informação do governo iraquiano é divergente, e diz que dois dos 19 aviões estariam prontos para voar imediatamente. De qualquer forma, uma delegação do governo iraquiano embarcou rumo a Belgrado para negociar como, e por quanto, a manutenção será realizada. Segundo a Reuters, a Sérvia tem muito interesse em retomar as negociações comerciais com o Iraque. Na semana passada, a estatal Yugoimport SDPR anunciou vendas de armas no valor de US$ 100 milhões para o Iraque. Chama a atenção também o fato de a existência dos aviões terem vindo à tona apenas agora, já que por muitos anos a Sérvia – e antes a Iugoslávia – teve no poder Slobodan Milosevic, um homem que não tinha nenhum apreço pelo respeito a decisões internacionais, como o embargo de venda de armas ao Iraque. Milosevic, acusado de genocídio na Guerra da Bósnia (1992-1995), morreu em 2006, enquanto aguardava julgamento no Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda. O episódio revela a situação em que o Estado iraquiano se encontra após seis anos da invasão liderada pelos Estados Unidos. Em um erro estratégico reconhecido até mesmo por relatórios internos do Pentágono, os Estados Unidos desmantelaram as Forças Armadas iraquianas e também toda a burocracia do país, que era baseada no partido Baath, do ditador Saddam Hussein. Esse processo, além de ter criado um exército de desocupados que foram recrutados por grupos radicais islâmicos, desestruturou completamente o Estado iraquiano, que está sendo reconstruído aos poucos, ainda em meio a atentados terroristas e uma onda interminável de violência sectária entre xiitas e sunitas. ÉPOCA
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