Gripe A coloca governos e agentes de saúde em sinuca de bico

Mesmo depois de tudo que os cientistas aprenderam sobre a gripe, desde a catastrófica pandemia ocorrida entre 1917 e 1919, uma coisa continua a mesma: a natureza previsivelmente imprevisível dos vírus responsáveis por ela.
A súbita detecção do novo vírus da gripe suína, A(H1N1), ocorreu exatamente enquanto os cientistas focavam cautelosos as mudanças comportamentais observadas em outro vírus, o A(H5N1) da gripe aviária, no Egito. Virologistas rastrearam o vírus aviário desde sua descoberta em Hong Kong, no ano de 1997.
A Organização Mundial de Saúde disse, no último fim de semana, que o novo vírus da gripe suína tinha potencial para causar outra pandemia, mas não possuía instrumentos para descobrir se isso realmente aconteceria.
A OMS e agências de saúde pública, como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, se encontram numa delicada situação, obrigados a fornecer informações sobre doenças potencialmente letais sem causar pânico.
Embora agentes de saúde tenham realizado exercícios de preparação para pandemias e epidemias causadas por bioterrorismo, eles ainda têm de dominar as habilidades de comunicação necessárias. Eles estão numa situação em que não há maneiras de ganhar.
Uma decisão sobre restrições ou alertas de viagens, por exemplo, poderia afetar o comércio e as finanças num momento de caos econômico.
Se a emergência na saúde pública, declarada pela OMS e pela administração Obama, se mostrar um alarme falso, funcionários serão atacados por preocupar desnecessariamente milhões de pessoas – e talvez até por gerar medo para justificar seus orçamentos. Se uma pandemia se materializar, alguns dos mesmos críticos muito provavelmente culparão esses funcionários por fracassar em evitá-la.
Erros anteriores - Em 1976, após uma pequena epidemia de gripe suína em Fort Dix, Nova Jersey, funcionários da saúde pública persuadiram o presidente Gerald R. Ford e o Congresso a montar uma campanha nacional de imunização, que chegou sob duras críticas. Porém, 60 anos antes, um vírus da gripe que aparentemente começou como uma leve epidemia na primavera, voltou como um furacão alguns meses depois.
Qual modelo será seguido pelo vírus da gripe suína? Os cientistas só podem se preparar para o pior e rezar pelo melhor. CIÊNCIA E SAÚDE
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