Oscar 2009: Índia festeja, apesar da polêmica

A Índia celebra o êxito de Quem quer ser um milionário?, o filme ambientado no subúrbio de Mumbai premiado no domingo com oito Oscar, incluindo o de melhor longa-metragem.
"Deixou toda a Índia orgulhosa", afirma o primeiro-ministro Manmohan Singh, em uma mensagem de felicitações a "toda a equipe de Slumdog Millionaire (título original)". Antes da cerimônia do Oscar, o filme foi duramente criticado no país por explorar a miséria.
O filme também faturou as estatuetas de melhor diretor para o britânico Danny Boyle, melhor roteiro adaptado, fotografia, montagem e mixagem de som. Além disso, o compositor indiano A.R. Rahman saiu da festa com duas estatuetas, por trilha sonora e canção original.
Ao receber um dos prêmios, A.R. Rahman, chamado na Índia de "Mozart de Madras", o terceiro indiano a levar um Oscar, saudou "toda a população de Mumbai e a essência do filme, que fala do otimismo e da força da esperança em nossas vidas".
Christian Colson, produtor do longa-metragem rodado com um orçamento de 15 milhões de dólares e que já faturou US$ 160 milhões nas bilheterias de todo o planeta, falou da "viagem extraordinária" do filme, antes de homenagear a "extraordinária cidade de Mumbai".
Críticas - O filme provocou críticas na Índia, onde muitas pessoas opinaram que ele explora em demasia a miséria. Muitos não gostaram do que passou a ser chamado de "pornografia da pobreza", em um país no qual 455 milhões de pessoas sobrevivem com menos de 1,25 dólar por dia.
Nesta segunda-feira, na favela de Dharavi, a maior da Índia, onde o filme foi rodado, um imenso cartaz dizia em hindi: "Não somos cachorros das favelas", em referência à palavra slumdog no título original. O título nacional foi traduzido para O cão das favelas.
"Este filme deveria ser considerado um dos maiores fantasmas gratuitos imaginados sobre a Índia no século XXI", afirmou o cineasta K. Hariharan, em um artigo intitulado "Orientalismo para um mercado globalizado", publicado no jornal The Hindu.
"Para a maioria dos espectadores ocidentais, arrasados pelo peso da crise econômica mundial, este conto de fadas sobre o lado mais sórdido da Índia deve servir de catarse orgiástica", protestou ele na semana passada. AFP
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