Itália pede para Lula rever decisão sobre asilo a Battisti

A Itália pediu nesta quarta-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que reveja a decisão do governo brasileiro de conceder o status de refugiado político ao italiano Cesare Battisti, condenado a prisão perpétua. A decisão foi anunciada ontem pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. As informações são da agência de notícias Ansa.
Em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Itália (Farnesina) destinado ao presidente Lula, o país expressa sua "surpresa e forte pesar pela decisão tomada pelo ministro da Justiça brasileiro, Tarso Genro, que, contrariando o estabelecido pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), acolheu o recurso de Cesare Battisti". No último dia 28 de novembro, o Conare havia negado o pedido feito pelo italiano.
"A Itália faz um apelo ao presidente Lula para que reveja todas as iniciativas que podem promover, no quadro da cooperação judiciária internacional na luta contra o terrorismo, uma revisão da decisão judiciária adotada", diz o documento.
No mesmo texto, o ministério define Battisti como um "terrorista responsável por gravíssimos crimes que nada tem a ver com o status de refugiado político". O italiano de 54 anos foi militante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo na década de 70, e é acusado de quatro assassinatos na Itália entre 1977 e 1979. Desde 2007, o ativista está preso no Brasil.
Na terça-feira, Tarso Genro outorgou o status de refugiado político a Battisti, negando assim sua extradição, por entender que existe um "fundado temor de perseguição política" contra ele na Itália. Por sua parte, Lula afirmou, em audiência, que a tarefa de conceder refúgio era do Ministério da Justiça e que a decisão se enquadrava nas determinações da Constituição brasileira.
Segundo o subsecretário do Interior da Itália, Alfredo Mantovano, "a decisão do Ministério da Justiça brasileiro é grave e ofensiva".
Pierluigi Torregiani, 44 anos, filho de uma das vítimas, o joalheiro Alberto Torregiani, assassinado em fevereiro de 1977 em Milão, comentou ironicamente a notícia de que a extradição foi negada. "É uma bela grande notícia". Pierluigi, que ficou paralítico porque também foi atingido durante o tiroteio que matou seu pai, também pediu ao ministro da Justiça italiano, Angelino Alfano, que continue a insistir na extradição. (TERRA)
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