Brasil vai desafiar os Estados Unidos... no curling

Conhecido como "xadrez no gelo", o curling exige habilidade dos jogadores para que a pedra de granito siga o caminho desejado pelo lançador
Começa nesta sexta-feira uma das empreitadas mais inusitadas da história do esporte brasileiro. A equipe nacional de curling, um jogo estranho que envolve vassouras, gelo e uma pedra de granito de 18 quilos, começa uma série de cinco partidas contra os Estados Unidos valendo uma vaga no Campeonato Mundial, que será realizado em abril, no Canadá.
O desafio é tão inusitado que rendeu uma reportagem na edição de ontem no jornal The New York Times, que comparou o evento à participação da Jamaica no bobsled nos Jogos Olímpicos de inverno de 1988, fato que inspirou o filme Jamaica abaixo de zero, estrelado por John Candy. “Nós sabíamos que eles estavam jogando, mas não os tínhamos em nosso radar até que fizeram o desafio”, disse Rick Patzke, chefe de operações da Federação Americana de Curling.
No treino, Kossaka (à esq.) aguarda a jogada dos companheiros
A surpresa dos americanos é fácil de entender. A equipe brasileira é formada por quatro amadores, que começaram a praticar o curling na metade de 2007, em Sherbrooke, na província canadense de Quebec. Marcelo Mello, Luis Silva e Cesar Santos estão na cidade fazendo cursos de mestrado e Celso Kossaka, o quarto integrante, é designer e coordenador de multimídia da universidade em que os outros três estudam. “Estávamos procurando um esporte de inverno e nem conhecíamos as regras”, disse Mello ao Times. “Mas ficamos apaixonados, viciados por curling”, completa.
Vencer o time dos Estados Unidos, terceiro colocado no Campeonato Mundial de 2007, e conquistar uma vaga no torneio deste ano é um sonho distante. Segundo Mello, o grande objetivo dos quatro é inserir as cores tropicais do Brasil no gelado mundo do curling, e isso eles já conseguiram. Entre as 11 seleções classificadas, dez são potências em esportes de inverno – Alemanha, Canadá, o atual campeão mundial, China, Dinamarca, França, Japão, Noruega, República Tcheca e Suíça. A outra equipe é a Escócia.
A iniciativa do quarteto também vai ajudar a prática do esporte no Brasil. De acordo com o Times, Eric Maleson, presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, separou uma parte de sua pequena verba para bancar a viagem até Bismarck, na Dakota do Norte, onde as temperaturas chegam a 16 graus negativos em janeiro, onde serão realizados os jogos contra os EUA. E pretende incluir uma arena de curling no centro de esportes no gelo que será construído em Campos do Jordão, no interior de São Paulo. “Eu estava cético no início, mas os quatro são pessoas sérias e estão comprometidos”, afirmou. (Época)
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