Mandante do assassinato de Chico Mendes cumpre pena em casa de Xapuri

O fazendeiro Darly Alves da Silva, 74, mandante do assassinato do líder sindical e ecologista Chico Mendes, ocorrido na noite de 22 de dezembro de 1988, em Xapuri (AC), dessa vez não teve que fugir pelo portão de entrada do presídio do Acre, como em fevereiro de 1993, quando contou com o apoio de pecuaristas, políticos e policiais do Estado.
O fazendeiro voltou a deixar o mesmo presídio neste ano. Dessa vez, Darly saiu sob escolta da Polícia Militar para cumprir mais três meses de prisão domiciliar concedida pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre.
Baseados em laudo da Junta Médica Oficial do Estado do Acre, os advogados do fazendeiro conseguiram convencer os desembargadores Feliciano Vasconcelos (relator), Francisco Praça e Arquilau Melo de que Darly sofre de graves problemas de saúde - úlcera, visão deficiente, problemas pulmonares e intestinais. A prisão domiciliar, em princípio, só é admitida para presos que cumprem pena em regime aberto. Excepcionalmente, a jurisprudência concede o benefício quando é comprovada doença grave e o tratamento médico não poder ser ministrado no presídio.
Darly tem uma extensa ficha de crimes comuns e hediondos. Em tese, tem a cumprir ainda uma pena de 12 anos, oito meses e quatro dias , isto é, até fevereiro de 2021. É provável que não voltará a se apresentar à Justiça durante a noite de Natal, conforme está estipulado. Seus advogados trabalham para assegurar até lá novos benefícios. Há 20 anos, durante a noite de Natal, o corpo do seringueiro que o fazendeiro mandou assassinar com um tiro de espingarda estava sendo velado no salão paroquial de Xapuri e a repercussão do crime apenas começava a se multiplicar na mídia internacional.
O Comitê Chico Mendes, entidade virtual usada durante anos para manifestar o ponto de vista de organizações do movimento social sobre vários temas da realidade acreana, dessa vez silenciou após a decisão da Justiça. Os parlamentares e gestores petistas que administraram o governo estadual e prefeituras também não esboçaram qualquer protesto. Enquanto o fazendeiro cumpre prisão domiciliar em Xapuri, os documentos oficiais do “governo da floresta” tramitam com imagem do seringueiro na qual é dito que ele ainda vive.
(Blog da Amazônia por Altino Machado)
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