Novo plástico que 'sangra' se regenera sozinho

Um dia no futuro: você faz aquela baliza malfeita e fica com um arranhão no para-choque traseiro. De repente, o plástico cinza fica avermelhado na região do dano. Em alguns minutos, a mancha desaparece, assim como o risco. Problema resolvido.

Parece mágica? Bem, como dizia o saudoso escritor Arthur C. Clarke, qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia. E é bem esse o caso do trabalho do engenheiro de materiais Marek Urban, da Universidade do Sul do Mississippi em Hattiesburg, nos Estados Unidos.

Financiado pelo Departamento de Defesa americano, ele está desenvolvendo plásticos que imitam a pele humana --são capazes de "sangrar" e cicatrizar quando cortados ou arranhados.

O pesquisador apresentou seu trabalho numa reunião da ACS (Sociedade Americana de Química, na sigla em inglês) e deu uma ideia de como funciona a invenção.
Plásticos são polímeros - compostos baseados em longas cadeias de átomos de carbono enfileirados. O segredo do trabalho de Urban foi implementar, em meio às cadeias, pequenas pontes, elos moleculares, que se quebram e mudam de forma quando o plástico sofre dano.

A mudança de forma leva à troca de cor --uma mancha vermelha se forma ao redor da avaria. Dessa forma, ela indica de forma inequívoca o problema causado.

Só isso já é uma grande vantagem: a exibição clara da avaria pode impedir que inspeções rápidas deixem de vê-la -o que não é bom quando se fala de um componente de uma máquina que não pode falhar em plena operação, como um avião.

Mas o negócio vai além. Uma vez "marcado" o dano, uma mudança ambiental previamente escolhida -desde a incidência de luz solar até alterações na acidez ou temperatura- leva à restruturação das pontes quebradas. O plástico se autorrepara e a mancha vermelha some.

REVOLUÇÃO - Plásticos que se regeneram são uma espécie de Santo Graal da ciência de materiais. Há outros modelos em desenvolvimento, mas o de Urban é o único que não precisa ser mergulhado em algum composto para eliminar o dano.

O pesquisador destaca que o autorreparo pode acontecer muitas vezes e que o material é mais amigável ao ambiente que outros plásticos, uma vez que o processo de produção é baseado em água, em vez de ingredientes tóxicos.

Embora o trabalho esteja no estágio da ciência básica, o pesquisador está entusiasmado com a possibilidade de vê-lo em aplicação em breve.

"Estamos trabalhando com grandes empresas para promover a comercialização", disse o pesquisador à Folha. "No campo da pesquisa, estamos explorando formas de combinar a capacidade de autorreparo com outros atributos. A meta é criar materiais amigáveis ao ambiente."

Os cientistas veem grande potencial imediato para o uso desses plásticos em componentes estruturais de aeronaves e em armamentos - não é à toa que a pesquisa é financiada pelos militares. Um dos próximos objetivos é criar materiais com essas características que sejam capazes de suportar altas temperaturas. fonte: FOLHA.COM
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