Observatório no Nordeste vigia asteroides capazes de atingir a Terra

Um observatório astronômico construído no sertão nordestino para rastrear asteroides que ameaçam a Terra entrou em operação e já acompanha seus primeiros objetos, afirmam os coordenadores do projeto. 

"Na semana passada, conseguimos, pela primeira vez, controlar o telescópio via internet, do Rio", disse Daniela Lazzaro, líder científica do esforço e astrônoma do Observatório Nacional. 

Ela falou durante a 36ª Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira, em Águas de Lindoia (SP).
O projeto Impacton (sigla "esperta" para Iniciativa de Mapeamento e Pesquisa de Asteroides nas Cercanias da Terra no Observatório Nacional) foi proposto em 2002. 

Mas só em março deste ano o telescópio, em Itacuruba (interior de Pernambuco), fez sua primeira observação.

POR QUE A DEMORA? - "É a pergunta que todos fazem", afirma Teresinha Rodrigues, pesquisadora que coordenou a montagem do Oasi (Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica).

Os cientistas alegam que a rigidez das regras para o gasto das verbas atrapalha.

"Para construir um muro que seja, no meio do nada, é difícil conseguir uma empresa disposta a fazer, que dirá entrar numa licitação."

Para montar o telescópio de um metro, o grupo brasileiro levou o mesmo tempo que uma organização internacional planeja para erguer um de 40 m.
 
NÃO PERDER DE VISTA - Agora que o telescópio pode ser controlado pela internet, não será preciso enviar equipes do Rio em expedições de observação. A quantidade de dados coletados deve aumentar.

O objetivo do Impacton é acompanhar bólidos recém-descobertos por outros grupos. "Cerca de 70% dos novos asteroides são imediatamente perdidos", diz Lazzaro. "É feita uma estimativa da órbita, conclui-se que o asteroide não vai colidir com a Terra e ele é abandonado. Mas essa órbita determinada às pressas é imprecisa."

A meta da equipe é criar uma base de dados robusta sobre NEOs (Objetos Próximos à Terra, em inglês).
O grupo ainda está calibrando os instrumentos, mas já tem histórias para contar.

"Em 11 de abril, um astrônomo amador da Inglaterra encontrou um objeto. Ele chegou a estar a 525 mil km de nós", conta Lazzaro. "O bichinho andava numa velocidade muito grande, foi um ótimo teste para nós."
Mais de 500 imagens do objeto foram obtidas, e a análise está em andamento.

"O perigo apresentado por um asteroide não pode ser resumido pelo tamanho e se está ou não em rota de colisão", explica Lazzaro. "Sua composição e o fato de ser poroso ou não podem influenciar no estrago que ele pode causar." Fonte: FOLHA.COM
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