O Brasil tem ocupado o espaço deixado pelos Estados
Unidos na América do Sul, diz artigo publicado nesta sexta-feira na
revista britânica The Economist, embora os americanos mantenham
"influência e interesse vital na região".
O texto analisa as relações entre os Estados
Unidos e a América Latina e conclui que a política americana para a
região tem sido prejudicada pelas disputas domésticas no Congresso
americano e aberto espaço para outros atores. "O Brasil com frequência
tem maior peso em grande parte da América do Sul", diz.
O texto lembra que no início do mandato, o presidente Barack Obama
prometeu "uma nova era de parceria” entre as Américas. Mas o fato de
Obama ter de lidar com “outras prioridades, tanto no exterior quanto em
casa, e eventos na região, como o golpe de Honduras (...), reavivaram
velhos debates", diz a Economist.
A revista menciona que em julho, a oposição
republicana suspendeu o financiamento dos EUA para a OEA (Organização
dos Estados Americanos). "Os conservadores não gostaram (da atitude) do
secretário-geral da OEA, o social-democrata chileno José Miguel
Insulza".
Inzulza irritou os americanos por suspender
Honduras da OEA logo após a derrubada do presidente Manuel Zelaya e por
defender a volta de Cuba à organização. Embora a OEA "não inspire muita
confiança em Washington", trata-se do único grupo que inclui os EUA,
enquanto outros exclusivamente latinos proliferaram nos últimos anos.
Mudança - A Economist também cita os TLCs (tratados de
livre comércio) firmados entre os EUA com a Colômbia e o Panamá, que
aguardam aprovação do Congresso americano. "Assuntos que importam muito à
América Latina – drogras, migração, comércio e Cuba – são hoje
determinadas pela política doméstica" dos EUA, diz.
A insatisfação ficou explícita na declaração do
presidente do México, Felipe Calderón, que disse que os EUA também eram
"responsáveis" pelo atentado de narcotraficantes que deixou 52 mortos em
um cassino no país. O governo mexicano cobrou dos vizinhos maior
controle no comércio de armas.
"Enquanto os EUA são restringidos por disputas
domésticas, a América Latina está mudando rapidamente. Uma década de
crescimento econômico, comércio pulsante com a China, democracias mais
fortes e o advento de governos de centro-esquerda têm ajudado a fazer a
região mais assertiva", diz.
"Em nenhum lugar isso é mais verdadeiro que no
Brasil", diz a Economist, ressaltando, no entanto, a relação "distante e
desconfiada" entre os dois países, citando a tentativa fracassado de
Brasília de mediar a crise nuclear do Irã (sem apoio americano). A boa
relação de Obama com Dilma Rousseff, no entanto, pode "construir laços
mais estreitos" entre ambos, diz a revista. FONTE: BBC BRASIL