“No lugar de Battisti, não estaria tranquilo”, diz juiz italiano

O ex-juiz italiano Giuliano Turone, que lança um livro sobre o caso do ex-militante Cesare Battisti, afirmou que, se fosse ele, "não estaria muito tranquilo", e recomendou a ele que "reconheça seus erros".
O autor, que lança seu livro na Itália nos próximos dias pela editora Garzanti, convidou o ex-militante, a quem considera um "terrorista homicida" e "um assassino que fugiu", a "colocar a mão na consciência". O ex-magistrado, porém, disse que não escreveu a obra com "o dente envenenado" ou "com animosidade contra o Brasil, que ofendeu nosso país". Em sua opinião, o caso da negação da extradição "é emblemático pela desinformação que demonstrou" e "colocou em dúvida em nível internacional o estado democrático do nosso país, que continua um Estado de Direito onde os processos se desenvolvem no respeito dos direitos da defesa", argumentou. Para ele, a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de manter Battisti no Brasil acabou indicando, "mais ou menos de boa ou má fé, que o nosso país não é uma democracia, que foram feitos processos injustos. Esta é uma falsidade e um insulto gratuito ao nosso sistema constitucional". O livro conta a história do envolvimento do ex-militante com a justiça italiana. Battisti foi preso em 1979 acusado do assassinato de quatro pessoas. O livro é baseado em vários processos contra o PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), o grupo de extrema-esquerda do qual Battisti fazia parte naquela época. Como juiz instrutor na Itália, Turone foi responsável pelo primeiro processo criminal contra as atividades da Cosa Nostra, a máfia siciliana, na Lombardia, e como consequência pela prisão do chefe da máfia, Luciano Liggio. O juiz disse ainda que Battisti "foi defendido com argumentações absolutamente não verídicas". O juiz e escritor contou que estava escrevendo um livro sobre diversos casos jurídicos quando, em 31 de dezembro do ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter o italiano no Brasil. - Depois de tantos ensaios para adicionar aos trabalhos, percebi que é mais útil escrever para todos reconstruindo histórias confusas que emergem de sentenças ilegíveis. Entenda o caso Battisti foi condenado à revelia em seu país natal à prisão perpétua por quatro assassinatos perpetrados na década de 1970, quando ele pertencia ao PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). Ele foi preso no Brasil em 2007 e, em 2009, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu-lhe o status de refugiado político, o que impedia sua extradição para a Itália. Naquele ano, o STF analisou o caso e aprovou seu envio para seu país natal, mas submeteu a autorização final à decisão do presidente. No último dia de seu mandato, Lula, acatando um parecer da Advocacia-Geral da União, negou a extradição do italiano. A Itália entrou com um recurso na Justiça brasileira para reverter a decisão e manter a sentença do Supremo, mas não obteve sucesso. Atualmente, Battisti está morando em São Paulo e já obteve visto de permanência concedido pelo Cnig (Conselho Nacional de Imigração). FONTE: ANSA
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